(Português) Sobre marketing online e tiro no pé… de novo

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Semana passada fiz o workshop da Marta Stelmaszak sobre marketing para tradutores, promovido pela Abrates com o apoio do Proz.

– Mas puxa, Val – você pode dizer – depois de tanto tempo no mercado,  você precisava mesmo fazer um workshop desses?

Olha, precisava, sim. Porque sou autônoma, porque sempre estou à caça de clientes bons e, se um workshop me ajudar, por que não? E não me arrependi.

No primeiríssimo exercício da tarde, nos reunimos em grupos de 4 pessoas para discutir como não conseguir um cliente. Ou seja, como estragar tudo. Depois de dez minutos de discussão, o resultado foi este:

O que fazer para não conseguir um cliente (foto publicada com autorização)

Em seguida falamos sobre como fazer certo, claro, mas aqui vou me concentrar apenas nos erros, porque são coisas que podem acontecer dia sim, outro também no relacionamento com os clientes.

Os erros enumerados foram:

  • Perder prazo;
  • Não ter presença online (ou não saber se comportar profissionalmente);
  • Divulgar informações confidenciais;
  • Reclamar em redes sociais sobre preços, sobre clientes, sobre colegas;
  • Ser rude (com os clientes e os colegas);
  • Demorar muito para responder quando o cliente entra em contato;
  • Evitar networking;
  • Vangloriar-se (em resumo, apresentar-se como o rei da cocada preta);
  • Desrespeitar clientes e/ou colegas;
  • Não contar às pessoas próximas (amigos, parentes) o que você faz – alguém pode estar precisando de um tradutor agora mesmo;
  • Limitar-se a traduzir, sem procurar resolver os problemas do cliente;
  • Não saber negociar (prazos, preços).
  • Mentir (sobre áreas de especialização, conhecimento, habilidades, etc.) – este item foi incluído depois, por isso não apareceu na foto.

O que mais me espanta nessa lista é que ela reflete uma falta de atenção imensa com um dos nossos maiores patrimônios: a nossa reputação. A atitude de “falem bem, falem mal, mas falem de mim” que vemos semana sim, outra também por aí não é compatível com a nossa vida de autônomo. Nós dependemos da nossa boa reputação para conseguir clientes novos e manter os antigos. E como é que fazemos isso? Como construímos a nossa reputação? Participando de congressos, eventos presenciais, fazendo parte de associações (sim, os bons clientes consideram isso um sinal de profissionalismo), pensando muito bem no que postamos no Facebook e em outras redes sociais.

Falar mal de clientes, divulgar informações confidenciais sobre projetos, xingar colegas, isso tudo pega muito mal para nossa imagem, sem falar na possibilidade de um processo criminal (sim, existe lei pra isso, e ela se aplica a todo mundo).

– Mas ah, – alguém pode argumentar – meus clientes nunca vão ficar sabendo do que eu falo! Eu comentei num grupo fechado, não tem como eles descobrirem…

E se eu te contar que outro dia eu vi uma colega tradutora israelense batendo altos papos com a dona de uma agência dos Estados Unidos que é minha cliente? Donos de agências conversam. Gerentes de projeto conversam. Tradutores conversam. Eles até – pasmem! – se encontram ocasionalmente para um café ou almoço, ou se encontram nos muitos congressos de tradução que acontecem pelo mundo. Acha mesmo que, depois de saber das ~indiscrições~ que as pessoas soltam aos quatro ventos nas redes sociais, elas vão dar uma chance pra essas pessoas? Responda com toda sinceridade: você daria? Eu não.

Muito grave, também, é divulgar informações confidenciais de clientes. A maioria de nós assina NDAs (acordos de sigilo) que proíbem a divulgação dessas informações. Veja este trechinho de um NDA que assinei recentemente:

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Ele proíbe até comentar por aí que eu trabalhei em determinados projetos (o que é realmente uma pena, porque são projetos muito, muito legais). Mas, mesmo que não tenhamos um contrato assinado com um determinado cliente, a ética da profissão dita que devemos tratar toda e qualquer informação como confidencial.

– Mas o meu cliente não liga pra essas coisas, ele não se importa que eu divulgue informações sigilosas – alguém pode alegar.

Se o seu cliente não se preocupa com a ética da profissão, meu amigo, eu ficaria preocupada é com esse cliente. Vai saber se a próxima vítima da falta de ética dele não é você!

(Português) 50302 Unplugged: o tradutor em outras palavras – ou não

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Acabei de ver uma foto de um moleskine passando pela timeline do Facebook e me lembrei de um projeto sensacional que nasceu na saudosa 50302, a comunidade de tradutores e intérpretes do Orkut, da qual fui moderadora (com muito orgulho!) por alguns anos.

Os colegas, hoje amigos, tiveram a ideia de fazer um moleskine (nosso “molekinho”) passear pelo mundo, de mão em mão, para que tradutores de diferentes áreas e diferentes talentos mostrassem sua visão da tradução. O progresso e as histórias das andanças do molekinho ficou registrado no blog 50302 Unplugged.

Só agora, tantos anos depois, consigo pensar em uma “arte” pra colocar lá. Alguém sabe por onde anda o caderninho? Precisamos colocar o molekinho na estrada de novo!

Quer melhor jeito de desejar um feliz dia do tradutor do que mostrar como cada um vê a profissão? Feliz dia de São Jerônimo a todos os tradutores!

What your clients want you to do

One of my clients recently sent these tips to their translators, and I think they can be useful to most of us.

  • Be honest. If in doubt, say No.If you are not sure if you can meet the deadline or can take on the job, please be honest and say “No” or ask for more time before you accept it. Asking for an extension after the project has started will cause us many problems.
  • If we don’t give you a clear written confirmation, a Project Number and a Purchase Order, do NOT start working.POs include all the details for the project, such as schedule, agreed cost, list of files to translate and instructions. You can only invoice us for the amount included in this form, so you must ensure that you read the PO and agree with all details listed there before you start working on the project.
  • Please do not be afraid to ask!We are always happy to help you in any way we can and you should always clarify any queries you may have. If we don’t know the answer, we will ask our clients.
  • Instructions should always be followed.We always analyse the client’s requirements in detail before we start any project and prepare a list of instructions for our translators. These instructions are included in the confirmation e-mail, as well as in the documentation for the project, and are aimed at helping you during the translation process. It is essential that you always follow them. If you don’t, we may need to ask you to re-do your work.
  • Reference documentation should always be used.We always try to get as much reference documentation, definitions and background information as we can from our clients. It is vital that you read and understand these before you complete your translation. This will also cut down on finalisation time.
  • Check before delivering!Please always check your work very carefully before delivering it to us. We will send back any work that contains issues. This also applies to running a an automatic (as well as manual) spell check before you send any work to us. Translations with spelling mistakes are not acceptable.
  • If the quality of the translation you need to proof-read is bad, please tell us before you start working.Always provide examples of issues and we will look into them and decide what to do. Please remember that you cannot charge us more for extra work, unless we approve the additional costs before you start!
  • Improve it if you can!By proof-reading we mean not only correcting purely linguistic issues, but also every other aspect of a translation. We expect you to check: accuracy, spelling, grammar, style, consistency, formatting , terminology, appropriateness for the target audience, etc . By checking we mean not only spotting the mistakes or aspects that could be improved, but also amending them directly in the translation so we have a finalised text. If there is anything you can translate better, please change it!
  • Mark what you change and give feedback.It is always useful for us to know what our proof-readers change in translations. Therefore, when proof-reading a translation in Word, please use Track Changes feature, and when working in Excel simply highlight the cell with changes with a different background colour (no need to mark every single word unless we ask you to).

    If we need detailed comments on the changes, we will ask you for them and we will tell you where you can insert them.

    Please always avoid using the strikethrough feature as it is as time consuming for us to finalise the text, as it is for you to use this feature.

    We always encourage our proof-readers to send us feedback on the translations. Do not be afraid to give us your opinion, we will appreciate it!

  • If a change does not improve the translation, don’t apply it!Be critical when finalising a translation after our client’s review. Always check if the changes they have requested are correct or improve the translation before you apply them. If  not, please do not apply the change and insert a note explaining why.

My comments:

  • Don’t be afraid to ask, but think before you do it. Our clients like when we ask for clarifications, as it shows we’re paying attention to the project, but silly or absurd questions may show you don’t know the subject in hand or you don’t know what you’re doing, which is really bad for you.
  • When you give feedback, be as professional and objective as possible. Support your changes and comments with links and quotes from dictionaries, grammars and other references.
  • Improve the text, if you can, but don’t make unnecessary changes just to “show you’re working”. Sometimes the translation is good before it reaches you. In this case, praise the translator. 😉

Intérprete x voluntário: o eterno mimimi

Não é de hoje que vemos tradutores profissionais reclamando sobre o uso de voluntários ou amadores em eventos, seja esportivos, religiosos ou comerciais.

Nas traduções escritas isso também acontece, mas não é disso que vou falar desta vez. Hoje, o assunto são os intérpretes. A minha visão de leiga em interpretação, a partir do que vejo, leio e converso com amigos e colegas intérpretes.

Vejamos, primeiro, reuniões, congressos e outros eventos comerciais. Nesses casos a presença de um intérprete profissional é imprescindível, principalmente durante sessões de interpretação simultânea. Esta modalidade de interpretação exige treinamento específico, além de conhecimento profundo do idioma e da terminologia específica do evento, coisas que só um intérprete profissional treinado, salvo raras exceções, pode oferecer. Usar o sobrinho do chefe pode acarretar, no mínimo, prejuízos financeiros.

Mas em eventos esportivos e religiosos de grande porte, como os Jogos Panamericanos de 2007, a Jornada Mundial da Juventude de 2013, a Copa do Mundo deste ano ou os Jogos Olímpicos de 2016, é perfeitamente normal e aceitável a presença de intérpretes voluntários, como sempre foi usado em todas as épocas e em todos os países, por um motivo muito simples: não existe orçamento suficiente para pagar todos os intérpretes em todas as situações!

A presença dos profissionais está confirmada em inúmeros cenários: coletivas de imprensa, acompanhamento das delegações de atletas e políticos, eventos paralelos, contratados pela FIFA, pelos patrocinadores, equipes de TV e outras mídias, e muitos outros. São muitos profissionais (conheço alguns deles, mas prefiro não dar nomes) que estão sendo muito bem pagos para trabalhar durante esse período.

Certamente muitos não foram chamados, seja por falta de experiência, por falta de competência, por falta de contatos ou simplesmente por falta de demanda. E certamente muitos não vão trabalhar durante junho e julho porque o calendário de eventos em geral foi suspenso por causa da Copa do Mundo; as principais cidades que recebem esses eventos estarão com hoteis lotados com turistas e o custo de tudo aumentará muito, inviabilizando eventos paralelos não relacionados à Copa.

E obviamente não seria viável contratar milhares e milhares de intérpretes para atender à demanda de estrangeiros no país, ao custo de R$ 1.400,00 a diária para acompanhamento (segundo a tabela de referência do Sintra). É comum, quase tradição, se usar voluntários para isso. Os bons intérpretes que conheço sabem de tudo isso e, contratados ou não, já vinham fazendo um “pé de meia” para compensar os dias parados.

A profissão não é aprendida em poucos dias nem dá retorno rápido e fácil como levam a crer muitas reportagens levianas (e provavelmente patrocinadas) sobre o assunto.

Por outro lado, existem artigos excelentes na edição especial da Revista Língua Portuguesa sobre tradução, lançada em 2012 (nossa, já passou tanto tempo?) e na revista Veja desta semana, que foi compartilhado pela Abrates no Facebook. Vale a leitura, porque traz dicas e comentários de colegas altamente qualificados. Vai ficar aí parado? Arregace as mangas, qualifique-se e abaixo o mimimi!

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(Português) II Café com Tradução

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Ano passado, aproveitamos a passagem por São Paulo de amigos que moram no exterior e nos reunimos para o que, inicialmente, seria um encontro de amigos para falar sobre tradução. Aí tivemos a idea de abrir o evento com uma previsão modesta, de 70 participantes, mas a procura foi tão grande que o “congressinho”, como o chamamos, acabou com 100 inscritos e fila de espera.

Resolvemos, então, fazer uma segunda edição voltada especificamente para iniciantes e estudantes de tradução.

Eu vou falar sobre CAT tools: o que são, para que servem, como funcionam, por que são importantes para nós, o que ganhamos com elas. Além de mim, também estarão lá:

André Faure – Sou gamer e adoraria traduzir games
Ricardo Souza – Tradutores e agências
Adriana Machado – Como trabalha um intérprete?
Cláudia Mello Belhassof – Dicas de português
Agata Souza – Quem manda aqui é você – Gestão de tempo para iniciantes
Beatriz Figueiredo – Mídia social é ferramenta comercial – também
Petê Rissatti – Produção editorial

Programa completo

No final do dia sortearemos brindes especialíssimos!

Está esperando o quê? Corre para fazer a sua inscrição, porque logo acabam as vagas!

(arte de Petê Rissatti)

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