Sobre a autora
Val Ivonica é tradutora técnica há mais de dez anos (principalmente textos químicos, farmacêuticos e localização). Geek, blogueira, tuiteira, facebookeira, "porquinha prática" de CAT tools, TMs, TBs & cia.
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Category Archives: tradução
(Português) O que é essencial em um tradutor?
Sempre ouço a pergunta: o que é preciso para ser tradutor? Resolvi listar algumas habilidades que considero básicas para quem quer sobreviver e crescer no mercado de tradução.
- * Apesar de precisar de um bom vocabulário, tradutor não é dicionário. Não precisa conhecer todas as palavras do inglês (ou qualquer que seja sua língua de trabalho) nem do português (ou sua língua nativa). Precisa, sim, saber onde encontrar a informação de que precisa.
- * Não precisa ser especialista no assunto, mas precisa entender o texto original. Principalmente no começo da carreira, os tradutores não são especialistas em uma nenhuma área. Mas pense bem: se o original não faz sentido para você, como sua tradução pode fazer sentido? Quem não entende o original não consegue traduzir direito. Ponto.
- * Consequência do anterior: a tradução PRECISA fazer sentido para o público-alvo. A terminologia precisa estar o mais correta possível, ou o usuário final da tradução com certeza vai estranhar. E isso não é bom.
- * Tradutor precisa saber pesquisar. E gostar de pesquisar. Porque, em última análise, é o que mais fazemos o tempo todo. Se não gostar de pesquisar, aconselho procurar outra profissão.
- * Apesar de ter uma profissão solitária, o tradutor precisa de contatos. E os melhores contatos para futuros trabalhos são os colegas. Portanto, o tradutor precisa saber se comportar nas diversas redes sociais. Caso contrário, pode estar se queimando no mercado sem nem perceber.
- * Dizem que a tradução é uma arte. Em alguns casos eu concordo, mas tradutor não é artista, é prestador de serviços. Tradutor tem que ser empresário. Tem que consultar o crédito do cliente novo na praça antes de começar um projeto e saber como cobrar caso não seja pago no dia combinado.
- * Conhecer as ferramentas de tradução. CAT, programas auxiliares, mecanismos de pesquisa na internet. Saber usar muito bem o Word. Os tempos da tradução manuscrita ou datilografada acabaram no século passado, e quem não se atualizar certamente vai ser excluído do mercado, cedo ou tarde (mais cedo do que tarde, acho eu).
É muito provável que eu esteja esquecendo de alguma característica básica e essencial para ser tradutor. Se eu lembrar de mais alguma, incluo depois. Se você souber de mais alguma, por favor me conte.
(Português) Você não precisa se certificar o tempo todo
Há alguns dias o colega João Vicente de Paulo começou no twitter uma discussão sobre a tradução de “make sure“, em inglês, sempre como “certifique-se de“.
A rigor, não está errado. O problema é traduzir sempre da mesma maneira, no piloto automático. O texto acaba pesado, não se parecendo com o português que nós usaríamos no dia a dia.
Esta semana, comentei no twitter que consegui traduzir um manual de 37 páginas sem usar o “certifique-se de” nenhuma vez, e me perguntaram quais soluções eu usei.
Então, vamos lá. Antes de mais nada, vale a pena copiar o verbete do Vocabulando:
make sure, be sure
cuidar, certificar-se, exigir, garantir, lembrar-se, procurar, providenciar, tratar de, ter em mente, ter certeza, não se esquecer, não deixar, fazer questão de, tomar cuidado, prestar atenção
* Be sure to perform three repetitions. > Cuidado / Atenção: Repita o exercício três vezes.
* Be sure to lock the door. > Lembre-se, preste atenção, tome cuidado, não deixe de, não se esqueça de fechar a porta.
* I’ll make sure of it. > Vou cuidar, providenciar, tratar disso. / Não vou esquecer.
* Make sure the shop gives you a receipt. > Exija, faça questão do recibo.
* Make sure you understand the rules. > Procure, faça questão de compreender bem as regras.
No caso dos manuais de instruções, também podem ser usadas outras opções. Usando um exemplo tirado da minha memória de tradução:
Make sure the terminals are properly tightened.
Verifique se os terminais estão corretamente/devidamente apertados.
Confirme se os terminais estão apertados corretamente.
Os terminais devem estar apertados corretamente.
Não vou dizer que “Certifique-se de que os terminais estejam corretamente apertados” está errado. Não está, de maneira nenhuma. Não façamos com o “certifique-se” o que andaram fazendo com o gerúndio, perseguir de tal forma que, mesmo estando correto, as pessoas ficam com medo de usar.
A ideia, aqui, é ter outras opções, para que o texto flua bem, sem cara de tradutorês.
(Português) Mesa-redonda sobre tradução – Prêmio União Latina 2010
Se você, como eu, não conseguiu ir até a Bienal do Livro para assistir à mesa-redonda do Prêmio União Latina de Tradução Especializada, eis sua chance.
A União Latina colocou no YouTube a mesa-redonda dividida em seis vídeos, que eu reuni em uma lista de reprodução.
Participaram da mesa: Denise Bottmann, Ivone Benedetti, Francis Henrik Aubert, Maurício Santana Dias e Adauri Brezolin.
(Português) Como mudar o idioma da memória de tradução
Ontem passei por um aperto: precisava usar uma memória do memoQ no TagEditor, mas o Trados não importava a minha memória .tmx. Percebi, depois de quase arrancar os cabelos, que o problema era a configuração dos idiomas da memória: no memoQ eu usei EN>PT-BR, mas o Trados não aceita somente EN, precisa especificar o país (EN-US ou EN-GB, por exemplo). E agora, José?
Converti o tmx para txt no Olifant e mandei o Word trocar EN para EN-US, depois reconverti para tmx no próprio Olifant. E fiquei muito, mas muito aliviada mesmo quando o Trados importou a memória.
Depois, conversando com a Pricila Franz, ficamos matutando se haveria uma maneira mais automática, e portanto menos propensa a erro humano. A Pricila lembrou, então, do Xbench. Ela testou, funcionou, postou as instruções no blog. Hoje testei com a mesma memória problemática, também funcionou.
Interessante que o memoQ importa a memória normalmente, nesses casos. Todas as memórias EN-US>PT-BR do Trados que recebo importam normalmente no memoQ, EN>PT-BR.
Então, ficam as dicas:
- Sempre preste atenção aos idiomas das memórias. O memoQ importa a memória caso não sejam exatamente coincidentes, mas o Trados não.
- Se precisar alterar o idioma, tem duas opções:
- Alterar manualmente com Olifant e Word, ou
- Alterar automaticamente com o Xbench.
Pessoalmente, gostei mais da segunda opção. Todo procedimento manual leva consigo o risco de fazermos alguma meleca com a memória. Melhor evitar, certo?
Os links para os programas estão na seção de Links.