Mobilidade

A tecnologia cada vez mais permite que nós, tradutores, possamos levar nosso escritório a qualquer lugar. Com um laptop e um modem 3G, por exemplo, podemos viajar sem precisar, necessariamente, parar de trabalhar. Um smartphone também pode resolver muita coisa: além do celular em si, permite ficar “online” com email e IM (mensagens instantâneas).

Eu costumava usar um Blackberry Pearl, que ainda considero muito bom. Troquei recentemente por um Nokia E71, unicamente porque queria conexão 3G, que poucos Blackberry suportam (sem contar que o plano de dados EDGE para o Blackberry é mais caro que o 3G que uso hoje).

Os aplicativos que tenho instalados no E71 são:

Nokia Messaging: aplicativo de email da Nokia, com push. O recurso “push” faz com que os emails sejam enviados para o celular assim que chegam no servidor. Eu tenho um endereço de email do Gmail exclusivo para o celular. Encaminho as mensagens dos outros endereços de email (particular, de trabalho, de listas de discussão) para este, filtrando as mensagens que não me interessa receber no celular. Os emails das listas de discussão, por exemplo, eu só recebo se a mensagem estiver mencionando meu nome ou email. Assim recebo no celular só mensagens que considero relevantes e não consumo muito da franquia do plano de dados com mensagens inúteis.

Fring: acessa sua conta de Skype, MSN, ICQ, Google Talk e vários outros IMs através da conexão 3G ou wifi. Permite, inclusive, chamadas de voz do Skype com qualidade bem aceitável. Depende, obviamente, da qualidade da conexão no local. Funciona em iPhone e smartphones com sistema operacional Symbian.

Twibble: aplicativo para Twitter. Testei outros, mas este me pareceu o mais prático para se usar. Para todos os celulares com Java.

Google Maps: versão móvel do Google Maps, com as mesmas funcões da versão desktop. Se for usado em conjunto com GPS (caso o smartphone tenha o recurso instalado), a precisão é de 20 metros. Sem o GPS, em torno de 600 metros. Mesmo assim, é muitíssimo útil. Versões para todos os smartphones.

Mobipocket Reader: Leitor de ebooks. Muitos ebooks gratuitos para downloads, ainda mais para compra, além da opção de converter docs ou pdfs para leitura no celular. Para as conversões, precisa do aplicativo desktop (só para Windows). Disponível para todos os smartphones.

Upvise: aplicativo que reúne agregador de feeds rss, lista de compras, gerenciador de contatos e de anotações. Como os dados ficam armazenados no servidor deles e eu sou assumidamente paranoica com segurança e privacidade, uso só a lista de compras – que é excelente. Versões para todos os smartphones.

Nokia Contacts: IM da Nokia, no mesmo estilo do Blackberry Messenger.

Wefi: aplicativo que verifica as redes wifi ativas no local. Informa se são abertas ou se precisam de senha e, se desejado, se conecta. Para Windows Mobile, Symbian e Android.

Existem vários outros aplicativos para Symbian no site da Nokia e em vários outros sites espalhados por aí. Um que me disseram ser confiável e que tem MUITA coisa, para todos os gostos e necessidades, é o GetJar.

O E71 vem com o QuickOffice instalado para abrir, criar e editar planilhas, apresentações e documentos de texto. O Adobe Reader e um compactador/descompactador de arquivos também vêm pré-instalados. Assim, teoricamente, o smartphone poderia ser usado até para traduzir arquivos pré-segmentados no Trados ou Wordfast, por exemplo. Digo teoricamente, para algum caso de emergência ou alteração pequena, porque trabalhar em tela e teclado minúsculos não é exatamente a opção mais confortável disponível.

Uma possibilidade que ainda não explorei como deveria é usar o smartphone como modem 3G para o laptop. Aparentemente o Nokia PC Suite, que vem com o celular, tem esta função. Como uso principalmente o Mac, não consigo usar desta forma. Vou testar em um laptop com Windows XP nos próximos dias, além de procurar uma opção para o Mac. Sei que existe, mas ainda não fui atrás. Também está na lista de coisas a fazer no futuro próximo, porque vai ser uma “conexão backup”, caso minha conexão principal tenha algum problema. Este foi, aliás, um dos motivos que me fez trocar para o 3G.

Por ora chega, porque este post já está maior do que eu imaginava. Volto ao assunto quando descobrir alguma novidade ou conseguir ativar o smartphone-modem.

CAT tools

Quem me conhece sabe que gosto muito do Wordfast e detesto trabalhar com Trados/TagEditor. Trabalho, quando preciso, mas de forma alguma é de bom grado.

Nos últimos meses tenho testado alternativas para trabalhar em projetos que tenham formatos de arquivo diferentes de doc, principalmente ttx, que costumo receber e que geralmente precisam do TagEditor.

Testei primeiro o DVX, que se saiu muitíssimo bem com um arquivo de Excel que tinha nada menos que 162 guias. Sim, 162. E só com texto. Não sei por que ainda insistem em colocar texto em planilha de cálculo, mas isso não vem ao caso. O cliente manda, nós traduzimos.
O DVX também lidou bem com ttx, mas na re-exportação sempre deu algum erro. Acabei precisando exportar a memória para depois rodar no TagEditor – arrumando as tags de cada segmento. Processo às vezes trabalhoso, mas que o excelente glossário do DV compensa de longe. O problema da exportação do ttx traduzido deve ser algum detalhe de configuração que ainda não consegui acertar. Já procurei na página de suporte da Atril, mas ainda não achei o erro. Quando descobrir, posto aqui.

O suporte da Atril é rápido e eficiente. Prorrogaram, inclusive, minha licença de teste porque ela venceu no meio do projeto em ttx. Escrevi para eles, expliquei o problema, logo em seguida me mandaram um novo serial temporário.

Agora estou testando o MemoQ. Tem a maioria das vantagens do DVX, com exceção do autoassemble e do recurso de inversão de palavras. Parece que tem o assemble, mas ainda não consegui achar. Preciso de mais tempo.

No primeiro ttx que testei traduzir no MemoQ, tive na re-exportação o mesmo problema no DVX: o TagEditor depois não abria o arquivo e acusava erro de tag. Mas, ao contrário do outro, no MemoQ consegui resolver o problema copiando as tags com problema do segmento source e colando no target manualmente. Depois disso, exportei novamente e o TagEditor abriu como se tivesse sido traduzido nele.

Coincidentemente, três dias depois de instalar o MemoQ um cliente agência me pergunta se conheço a ferramenta. Agora estou trabalhando em um projeto com servidor online. O arquivo a ser traduzido, a memória e a base de terminologia (glossário) ficam no servidor do cliente. Mesmo assim, posso usar ao mesmo tempo minhas memórias e meus glossários pessoais, contanto que mantenha os dos cliente como principais. Até agora, tudo funcionando muito bem, muito mais rápido do que eu imaginei a princípio.

Tanto o DVX quanto o MemoQ trabalham em ambiente próprio, fora do Word. Isso, por um lado, causa uma estranheza inicial, mas por outro permite que trabalhemos com outros formatos de arquivo que não podem ser abertos no Word. Ainda não testei, mas já me disseram que ambos lidam muito bem com arquivos ppt, por exemplo.

Outra semelhança entre ambas as CATs é que agrupam todos os arquivos, trabalhando como se fossem um só. Mesmo que sejam 5 docs, 3 xls, 1 ppt e 2 ttx. A sopa de letrinhas vira um único arquivo em duas colunas: o original na coluna da esquerda e a tradução na da direita.

Preciso me decidir, agora, sobre qual dos dois comprar. Por enquanto estou pendendo para o MemoQ, por causa da promoção especial para usuários de Trados: 350 euros. Não é pouco, na verdade, mas vale a pena. Uma boa ferramenta CAT facilita demais nossa vida: aumenta a uniformidade da terminologia e, portanto, a qualidade do trabalho final, em menos tempo.

O tal projeto online tem me ocupado bem mais do que previ no início, mas assim que terminá-lo pretendo fazer uma análise mais detalhada do MemoQ. Não percam os próximos capítulos.

Serendipity

Esta semana o Danilo Nogueira me perguntou, no twitter, se eu conhecia o MacHack. Como trabalho em um Mac achei que fosse algo específico para ele e que não conhecia. Logo depois recebo o arquivo por email. Abro e descubro que já conhecia, sim, mas com outro nome.

Eu costumava usar o Serendipity há algum tempo, mas ele se perdeu em alguma formatação de computador. Agora está bem guardado no HD externo (além da cópia que ficou no gmail), porque realmente vale a pena.

O funcionamento é bem simples: é uma página HTML que, aberta no navegador, traz campos para pesquisa de terminologia em glossários e definições (em português, inglês, espanhol e francês), usando o Google.

Acho que a melhor maneira de não esquecer dele é colocá-lo na barra de links, assim fica visível o tempo todo. Para isso, é só abrir a página no navegador e depois arrastar da barra de endereços para a barra de links. Ou salvar como favorito, como preferir.

Se ficou interessado, baixe o arquivo aqui (está hospedado no Fidus Interpres, do colega Fabio Said). É um arquivo minúsculo (8 kB), mas que ajuda bastante.

Ah, sim, um detalhe: repare na terceira opção do menu em português. “Caiu na rede, é peixe” não tem mesmo a cara do tradutor desesperado quando não acha o que precisa?

A questão do pagamento – ou da falta dele

Um assunto recorrente, em qualquer fórum de tradutores, é a falta de pagamento pelo cliente X ou Y. Pior, X e Y geralmente são figurinhas conhecidas, que vivem sendo mencionados como maus pagadores.

Isso me dá uma quase-certeza: boa parte dos tradutores tem talentos linguísticos, mas não comerciais.

Uma comparação simples são as lojas de varejo. Se eu for comprar alguma coisa a crédito, digamos, nas Casas Bahia, vou ter que preencher uma ficha de cadastro com todos os meus dados. Preciso dar referências, nome do banco, cartão de crédito. O departamento de crédito vai confirmar as informações, verificar no Serasa se não sou inadimplente (vulgo “caloteira”), se tenho protesto na praça, enfim, vão levantar minha ficha completa para decidir se vale a pena o risco de me venderem um produto a prazo.

Então por que eu, que tenho muitos menos cacife que as Casas Bahia para aguentar o baque de um calote, não faria a mesma coisa?

Na maioria dos casos o Serasa não resolve nosso problema, mas nós, tradutores, temos nossos métodos próprios de consulta ao crédito. Os principais são:

– Listas de pagamento do Yahoo (gratuitas): WPPF, pp_brasil
– Sites específicos de consulta a crédito para tradutores (pagos): TCR, Payment Practices
BlueBoard do Proz (pago)
– Arquivos das listas de tradutores

À exceção do BlueBoard, que traz informações completas apenas para os membros pagantes do Proz, o investimento é ínfimo comparado à tranquilidade que proporciona. A TCR custa USD 12 ao ano, a Payment Practices, USD 20. AO ANO. Um único mau cliente que descartemos por informação dessas fontes já compensou o investimento, com muita folga.

Pesquisar os arquivos das listas de tradutores também costuma ajudar. É muito comum colegas reclamarem em público quando não são pagos, e as queixas ficam lá nos arquivos, registradas para a posteridade.

Aliás, é marcante a diferença de postura entre as queixas nas listas de tradutores e as informações nas listas de pagamento. As últimas costumam ser mais objetivas, demonstrando um comportamento muito mais profissional. Algo como “a empresa X me deve X patacas por um serviço entregue dia tal, com pagamento combinado para dia tal”. Nas listas, o tom costuma ser mais na linha “Fulano da empresa ACME é um safado caloteiro, não me paga nem atende meus telefonemas”. Podem estar dizendo exatamente a mesma coisa, mas chamar alguém de “safado caloteiro” certamente sujeita o denunciante a represálias, além de demonstrar pouco profissionalismo.

É também importante obter o máximo de informações que puder sobre o cliente: nome (ou razão social, no caso de agências), endereço, telefones, e-mail, nome do contato. Incrível o número de colegas que aceita serviço, principalmente terceirizados de outros tradutores, sem saber nada sobre o contratante além de um endereço de e-mail gratuito.

Quando a empresa está no Brasil até fica mais fácil receber, pode-se protestar a duplicata (presumindo-se que o tradutor emitiu uma nota fiscal) ou cobrar na justiça, mas e se a empresa estiver do outro lado do mundo?

É muito mais fácil, rápido e indolor se precaver antes de aceitar o serviço do que chorar e espernear sobre o leite derramado.

Wordnik, outro dicionário online

Acabo de saber, através do LifeHacker, sobre o Wordnik.

É um dicionário inglês-inglês online que, além da definição do termo (American Heritage Dictionary, Century Dictionary, Webster’s Unabridged e WordNet), traz também exemplos de uso (inclusive no Twitter, com exemplos em tempo real), palavras relacionadas, pronúncia e estatística de frequência de uso ao longo do tempo.

Já está na caixa de pesquisa do meu Firefox.

RSS
Follow by Email
LinkedIn
Share